domingo, 17 de fevereiro de 2013

Deus protege os que amam

Título: Deus protege os que amam
Autor: Johannes Mario Simmel
Páginas: 240

Este livro não me agradou tanto como outros de Simmel que tenho lido. Achei a história um tanto simplista, com o desenrolar e o desfecho totalmente previsível.

Paul Holland é um jornalista que vive perambulando pelo mundo em busca de reportagens, mas que encontrou em Sibylle, uma mulher que mora na Alemanha, a razão de sua vida. Ele vai ao Brasil a trabalho e, ao retornar, descobre que Sibylle desapareceu. Ao tentar localizá-la, descobre que ela não era a simples pessoa que ele imaginava. E por aí vai...

É um bom livro, mas nem de longe se compara à qualidade dos outros de Simmel.

Trechos interessantes:

"-Frankfurt am Main, Parkstrasse, 12.
Um bom endereço, como qualquer outro. Parkstrasse 12 era o endereço do hotel Astoria, onde tinha um apartamento alugado por todo o ano. Nele eu tinha uma fotografia de Sibylle. Um guarda-roupa cheio. Alguns livros e uns manuscritos velhos. Na verdade tudo o que possuía no mundo. Não era muito. De resto, era muito pouco." (pág. 26)

"Enquanto isso eu pensava: por acaso o amor entre duas pessoas era mais forte que o ódio de Mao Tsé-tung, Foster Dulles e Bulganin? Existe amor a longo prazo neste século? E existe justiça para gatos, mudos e judeus?" (pág. 30)

"-Conheci o doutor Ehrlich no ano passado em uma conferência. Disse uma frase que nunca mais esquecerei.
-Que frase?
-Querer bem é mais importante que amar." (pág. 90)

"Os empregados usavam libré e os crupiês vestiam-se de maneira impecável. Também em Salzburgo partia-se do princípio de que o jogador perde seu dinheiro mais alegremente num ambiente mais luxuoso." (pág. 108)

"De todos os jogadores, contou-me certa vez um velho crupiê, os que estão mais em perigo são aqueles que temem alguma coisa, como a vida, a velhice, uma posição econômica insegura, doenças e morte. Os homens que estão perto dos cinquenta e as mulheres por volta dos quarenta temem a chegada do fim da plenitude da vida. São essas pessoas que numa sala de jogo se perguntam: 'Para que a prudência? Para que dar importância ao dinheiro? Para quem conservá-lo? Não importa mais'. Os cassinos vivem desses jogadores e não dos turistas temerosos e tampouco dos jogadores empedernidos que deixam milhões nas bancas mas levam outros milhões." (pág. 110/111)

"O incompreensível se torna mais lógico, mais suportável, mais tangível também, quando sai da nossa mente e o vemos escrito sobre o papel. Um pesadelo que contamos de manhã não nos amedronta mais; chega mesmo a parecer divertido e absurdo." (pág. 114)

"[...]Talvez ele tivesse acreditado por mais tempo em Stálin do que eu em Sibylle: isso era provável. Mais tempo, sim, porém mais do que eu, não. Não se pode amar mais ou menos. Só se pode amar, ou não." (pág. 143)

"Ao que parece, a distância que há entre o ódio e o amor é muito curta. Mas só se pode amar ou odiar aquilo em que se acredita. O próprio ódio pressupõe uma crença." (pág. 144)

"Os homens abandonam as mulheres, e as mulheres enganam os maridos. As relações normais entre os sexos estão degenerando. Eles já não tem muito que se dizer. A culpa talvez caiba às grandes invenções do século XX, à evolução da física ou à política, que agora penetra na vida privada dos indivíduos. Os homens transformam o mundo. As mulheres deixam de ser interessantes. Além disso, há muitas. As mulheres não são mais um problema, nem quando se corre atrás delas nem quando se as abandona. A bomba de hidrogênio é um problema, o Canal de Suez é outro, e também a coexistência pacífica. As mulheres já não são mais um problema. Ou a gente as aceita, ou a gente as deixa de lado, como melhor convier." (pág. 206)

"Naquela noite rezei. Pensei comigo mesmo que era vergonhoso e indigno fazer as pazes com Deus em um momento onde não se encontrava saída para a minha situação, mas pensei também: 'Se Deus existe, há de ser uma vitória para Ele que eu implore Sua ajuda exatamente agora que meu raciocínio não pode me ajudar'." (pág. 220)

2 comentários:

Vitoria Nicassia disse...

faz tanto tempo que li ele... gostei muito, mas um que me apaixonei foi mesmo sorrindo preciso chorar, comecei a ler até mais amargo fim, nunca terminei pois nao quero que acabe logo, rs e ganhei o Nem só do caviar vive o homem, começarei a ler logo logo. aaaaamo loucamente Simmel, meu blog é dedicado ao primeiro livro q li dele (mesmo sorrindo preciso chorar), vale a pena lê-lo.

jaqueline silva disse...

Eu nao achei o final previsível, na verdade fiquei bem surpresa. O livro para mim foi incrível.